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MÁRIO DE LIMA
( Ouro Preto – Minas Gerais – Brasil )
Mário Franzen de Lima (Ouro Preto, 10 de julho de 1886 — Belo Horizonte, 1936) foi um poeta, ensaísta, polemista, jurista e professor brasileiro, filho de Bernardino de Lima e Esther Franzen de Lima.
Estudou no Colégio Salesiano Dom Bosco, de Cachoeira do Campo, formando-se pela Faculdade de Direito de Minas Gerais, hoje UFMG, onde mais tarde lecionou Filosofia do Direito. Foi promotor de Justiça em Rio Novo, reitor do Ginásio Oficial de Barbacena, diretor do Arquivo Público Mineiro e da Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais.
Secretário da Presidência de Minas nos governos de Fernando de Melo Viana e Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e delegado-geral do estado de Minas na Exposição Internacional do Centenário da Independência. Foi um dos fundadores da Academia Mineira de Letras, da qual foi presidente em 1921-1922 e do Instituto Histórico de Minas. Cavaleiro da Ordem da Coroa da Bélgica e titular da Goldene Ehrzeichen da República da Áustria, que lhe foi conferida pelo Presidente Michael Hainisch, em 9 de fevereiro de 1928.
O poeta
Movido por um parnasianismo tardio, Mário de Lima passou ao largo do movimento modernista, apesar de suas ligações com Carlos Drummond de Andrade, que elogiou seu livro de estréia. Exceção ao formalismo parnasiano é o poema Pirâmide, curiosa antecipação concretista "avant la lettre". Sua maior influência provém de Alberto de Oliveira, Olavo Bilac e, sem sombra de dúvida, de seu tio Antônio Augusto de Lima.
Principais obras
Quadrinha, poema,1886-1936; Ancenúbios, poesia, 1908;
Audiências de Luz, poesia, 1917; Medalhas e brasões, poesia e sínteses históricas, 1918; O mito solar nos Evangelhos, ensaio de crítica histórica, 1914; A escola leiga e a liberdade de consciência, estudo filosófico, 1914; Elogio do Marquês da Sapucaí, estudo histórico, 1915; Esboço da história literária de Minas, 1920.
Dante e a Divina Comédia, 1921.
Ouro Preto e a Escola de Minas, 1921; Idéias e comentários', crônicas e estudos, 1921; Coletânea de autores mineiros, 1922.
A Igreja, o poder civil e o direito de revolta, 1924.
Minas e a Guerra do Paraguai, 1926; O bom combate, história da Ação Católica, 1929; A hermenêutica tradicional e o Direito Científico, 1932. Reeditado em 1955 com o título Da interpretação Jurídica.
Biografia: Wikipedia
HADAD, Jamil Almansur, org. História poética do Brasil. Seleção e introdução de Jamil Almansur Hadad. Linóleos de Livrio Abramo, Manuel Martins e Claudio Abramo. São Paulo: Editorial Letras Brasileiras Ltda, 1943. 443 p. ilus. p&b “História do Brasil narrada pelos poetas.
HISTORIA DO BRASIL – POEMAS
DUCLERC E DU GAY TROUIN
ANTÔNIO DE ALBUQUERQUE
Glorioso capitão-general, o teu vulto
enche de intensa luz, os primórdios de MinaS,
Chegas... Em derredor, cadáveres e ruínas...
E a guerra emboaba atroa o amplo sertão inculto.
À tua aparição esmorece o tumulto.
Cessa a luta afinal. Três vilas montesinas
surgem ao teu aceno... E acalmam-se as campinas
como se as bafejasse algum poder oculto.
Teus feitos rematando em sublime proeza,
a heroica expedição levas, afoitamente,
ao longe litoral, contra a invasão francesa...
Faltassem-te lauréis, esse dar-te-ia glória,
colocando-te à fronte — auréola resplendente —
o estema dos heróis sagrados pela história.
(MUSA CÍVICA – Xavier Pinheiro – Leite
Ribeiro & Maurilo, 1920)
FELISBERTO CALDEIRA
Sob as fulgurações do teu rútilo escudo,
— sol de amor para o pobre e para o garimpeiro —
preso o argênteo espadim ais calções de veludo,
vives entre milhões, nobre rajá mineiro.
Real contratador dos diamantes, de tudo
cumulou-te o destino: o prestígio e o dinheiro,
a nobreza e o poder... Mas ai, a um golpe rudo,
resvalas do apogeu nas prisões do Limoeiro.
E, paupérrimo Jó, tu que foras um Creso,
vítima das solerte inveja e da vingança,
só pudeste legar aos teus o nome ileso...
Um nome que nos lembra — Ó ventura ilusória! —
quando é falaz o sol do fausto e da abastança,
e efêmero o esplendor da fortuna e da glória.
ANTONIO DIAS DE OLIVEIRA
Este, que ao sol e à chuva afrontava as bravias
selva dos Cataguá, é de heróica linhagem
e à caça do ouro, andou, em jornada selvagem,
vadeando ribeirões, transpondo serranias.
Ah! quem te vira, em febre, afoito Antonio Dias,
— tendo a paga final da intrépida romagem —
contemplar, como em sonho, a esplêndida paragem
em pós da qual vagando e sofrendo vivias!
Vinha rompendo o albor matinal... Dentro em pouco
a várzea do Tripuí rasgou-se entre as neblinas
e o Itamonte surgiu aos teus olhos de louco.
Surgiu, tocando os céus — granítico dueto!
Conquistaras, alfim, o coração de Minas...
Podias repousar, fundador de Ouro Preto.
Foto: Rio das Velhas - https://cbhvelhas.org.br/
HISTÓRIA DO BRASIL
BANDEIRANTES
RIO DAS VELHAS
Margeando o leito de aço, onde bufa e caminha,
Entre rolos de fumo a audaz locomotiva,
rio lendário, vais, na descida exaustiva
e secular, seguindo uma sinuosa linha.
Desbravando os sertões, quanta bandeira tinha
teu poderoso auxilia!... A gente ousada e altiva
De Leme, Borba Gato e Arruda, de alma argiva,
Explorando a região, pelo teu curso vinha!
Entre as bênçãos do Sol, cujo fulgor espelhas,
Buscas o São Francisco, a levar a memória
do bandeirante audaz nessas águas vermelhas.
E evocas — relembrando a primitiva história
destas Minas Gerais — velho Rio das Velhas!
os feitos imortais de um século de glória!#
(ANCENUBIOS – Tipografia Luzinger – Rio – 1908)
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Página ampliada em outubro de 2021
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Página publicada em outubro de 2021
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